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  • 31/03/2021

Principais fatores de risco da Hipertensão Arterial


  • Autor: Equipe Educamundo
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hipertensão arterial

A Hipertensão Arterial Sistêmica, popularmente conhecida como pressão alta, é um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Dados de 2016 da Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial mostraram que esta condição atinge 36 milhões de adultos no país e ainda contribui para 50% dos casos de morte por doenças cardiovasculares.

Mas afinal, o que é a hipertensão arterial? Tradicionalmente, um indivíduo é considerado hipertenso quando apresenta o aumento sustentado da pressão arterial sistólica maior ou igual (≥) que 140 mmHg (milímetros de mercúrio) e/ou da pressão diastólica ≥ 90 mmHg, o que conhecemos como 14 por 9. A pressão arterial é gerada pela força que o sangue faz contra as paredes das artérias, sendo chamada de sistólica quanto é gerada pela contração do coração e diastólica quanto é resultado do seu relaxamento.

É o bombeamento cardíaco que faz o sangue percorrer o corpo, levando nutrientes, oxigênio e outras substância aos demais órgãos. Neste processo, ele se torna rico em gás carbônico. No retorno para o coração, passando pelos alvéolos pulmonares, o sangue recebe o oxigênio da respiração e libera esse gás carbônico, se tornando apto para circular novamente. Se as artérias se estreitam por qualquer razão, o sangue passa a fluir com maior dificuldade, levando ao aumento da pressão arterial.

Vale lembrar que a hipertensão arterial é considerada uma condição silenciosa, ou seja, em grande parte dos casos não há sintomas de pressão alta. É comum que dores de cabeça, falta de ar, agitação e visão borrada sejam atribuídos a ela, entretanto, esses sintomas costumam ser consequência de quadros mais graves, envolvendo lesões no coração, rins, cérebro e olhos.

Quer saber mais sobre o tema? Continue a leitura!

Guia completo dos fatores de risco da Hipertensão Arterial (Pressão Alta)

A hipertensão arterial é uma condição multifatorial, isso quer dizer que ela é desencadeada por uma série de fatores genéticos e ambientais. Apesar do consumo excessivo de sal ser o gatilho mais conhecido, há muito mais para se saber. Vamos a eles:

Sexo

As informações sobre a prevalência da hipertensão em homens e mulheres ainda são contraditórias. Um trabalho de 2009, que revisou estudos de 35 países, encontrou uma prevalência mundial de 37,8% para homens e 32,1% para mulheres. No Brasil, os dados de 2013 do VIGITEL (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) mostraram uma prevalência um pouco maior entre mulheres do que entre os homens.

Uma das explicações para as diferentes taxas encontradas é o fato de a maior parte dos estudos considerarem o diagnóstico autorreferido, ou seja, os participantes da pesquisa informam se houve ou não diagnóstico médico prévio de pressão alta. Este método pode ter alguns problemas, um deles é que, no geral, os homens costumam buscar menos os serviços de saúde que as mulheres, podendo levar a valores subestimados da prevalência da doença entre o gênero.

O que estes dados nos trazem de mais importante é que, na prática clínica, ambos os sexos devem receber a mesma atenção quando o assunto é hipertensão arterial, com aferição da pressão em todas as consultas e recomendações de prevenção e/ou tratamento adequadas. 

Idade

Há uma forte relação entre o envelhecimento e esta condição. A 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial trouxe dados de uma meta-análise com 13.978 idosos, mostrando que no Brasil a prevalência da hipertensão entre eles chega a 68%. Um outro estudo, citado na mesma diretriz, sugeriu que 90% das pessoas com níveis pressóricos normais até os 55 anos de idade desenvolverão hipertensão arterial até o fim da vida. O principal mecanismo que contribui para esta estatística é o enrijecimentos dos vasos sanguíneos, uma alteração natural do processo de envelhecimento.

Ainda que na relação idade/pressão arterial as crianças e adolescentes não façam parte do tradicional grupo de risco, a adoção de hábitos pouco saudáveis e o aumento da obesidade infantil têm tornado a hipertensão arterial cada vez mais frequente nessa faixa etária (saiba mais no Curso Online Obesidade Infantil)‍.

Neste sentido, reforçamos que as medidas de prevenção devem acontecer já na infância. É importante lembrar que crianças a partir de 3 anos de idade devem ter sua pressão arterial aferida em todas as consultas. Esta medição, tanto para crianças quanto para adultos, exige alguns cuidados que garantam a obtenção dos níveis pressóricos corretos. 

Etnia

O Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA Brasil 2008-2010), maior pesquisa epidemiológica da América Latina, encontrou as seguintes prevalências de hipertensão arterial:  49,3% em negros, 38,2% em pardos e 30,3% em brancos. A hipótese de que a hipertensão é mais prevalente entre indivíduos negros é sustentada também por outros estudos.  

Fatores Socioeconômicos

Ainda de acordo com o ELSA, a desigualdade socioeconômica está fortemente associada ao controle da hipertensão Arterial. Quanto maior o nível socioeconômico maior costuma ser a conscientização e adesão ao tratamento. Uma pesquisa publicada na Revista de Saúde Pública em 2017, mostrou que indivíduos com 0 a 8 anos de estudos têm mais chances de desenvolver hipertensão Arterial (38%) que aqueles com maior escolaridade.

Obesidade

Indivíduos obesos têm até três vezes mais chances de desenvolver hipertensão arterial. O aumento do volume extracelular e do fluxo sangüíneo, com consequente aumento do débito cardíaco são os principais mecanismos que explicam esta associação. A boa notícia é que os níveis pressóricos tendem a diminuir com a redução do peso corporal. Portanto, é fortemente recomendada a mudança radical do estilo de vida de pacientes com sobrepeso e obesidade como medida preventiva e/ou de tratamento.

Uso abusivo de álcool e Tabagismo

O consumo de álcool de 30 a 40 g/dia por mulheres e ≥ 31g de álcool/dia para homens parece aumentar o risco de hipertensão. O tabagismo, por sua vez, é associado fortemente às doenças cardiovasculares, enquanto o seu papel na fisiopatogênese da hipertensão arterial permanece indefinido. Estudos sugerem que o fumo pode induzir a vasoconstrição e diminuir a distensibilidade das artérias, aumentando a pressão arterial.

Má alimentação e consumo excessivo de sódio

O padrão alimentar da população brasileira sofreu uma intensa modificação nas últimas décadas. Os novos hábitos alimentares, baseados no alto consumo de gorduras e sódio, contribuíram para a elevação dos níveis pressóricos em todas as faixas etárias. O excesso de gordura na alimentação aumenta o peso corporal e os níveis de colesterol no sangue, representando um maior risco de hipertensão e doenças cardiovasculares. Tão grave quanto é a ingestão de sódio na alimentação do brasileiro, que ultrapassa mais de 2 vezes a quantidade recomendada (2g/dia).

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Estresse

Quando o nível de estresse ultrapassa os limites do indivíduo pode haver uma série de consequências negativas para o corpo, uma delas é a elevação da pressão arterial, causada pelo aumento da atividade simpática do sistema nervoso autônomo. De acordo com um artigo da Revista Brasileira de Hipertensão, é difícil definir a relação entre o estresse e a hipertensão, mas a gravidade da resposta a este fator parece, em parte, depender de fatores genéticos. No nosso Curso Online Hipertensão Arterial você encontra um módulo inteiro sobre fatores de risco, onde está descrito o papel do estresse na hipertensão arterial. 

Genética

O papel da Genética na hipertensão arterial ainda não está completamente esclarecido. O que se sabe é que há alterações genéticas em diversos genes envolvidos no controle da pressão arterial, que interagem entre si e com os fatores ambientais para desencadear a hipertensão. Evidências sugerem que cerca de 30% das alterações de pressão são atribuídas à genética e 50% aos fatores ambientais. 

Complicações associadas

Diabetes Melito Tipo II

Os diabéticos têm duas vezes mais chances de desenvolver hipertensão arterial do que os indivíduos sem a doença. A ocorrência simultânea dessas duas condições aumenta consideravelmente a morbidade e mortalidade por complicações cardiovasculares. A resistência à insulina, condição comum no diabetes melito tipo II, é quando este hormônio tem dificuldade de entrar na célula, onde precisa levar a glicose para ser metabolizada. O resultado desta alteração é o aumento dos níveis sanguíneos de glicose (hiperglicemia) e insulina (hiperinsulinemia).

Diversos mecanismos pelos quais a diabetes predispõe à hipertensão estão associados à hiperinsulinemia, dois exemplos são: o aumento da retenção de sódio na presença de grandes quantidades de insulina no sangue, e a estimulação do sistema nervoso simpático, aumentando o débito cardíaco e consequentemente a pressão arterial.

Ambas as condições são silenciosas, portanto, ressaltamos a importância de não esperar pelos sintomas de pressão alta e diabetes para procurar os serviços de saúde.  

Doença Renal Crônica

O rim e a pressão arterial estão intimamente ligados, tanto que a Doença Renal Crônica pode ser causa ou consequência da hipertensão. O aumento crônico dos níveis pressóricos provoca lesões renais. Estas lesões interferem na atividade normal do órgão, que progressivamente perde a sua função. A Doença Renal Crônica, por sua vez, diminui a capacidade do rim de excretar sódio, levando ao aumento da pressão arterial.

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Como podemos perceber, apesar de décadas sendo alvo de campanhas e políticas de conscientização, a hipertensão arterial continua sendo um grave problema de saúde pública. Infelizmente, como os sintomas de pressão alta só aparecem quando a doença já está avançada, evitar as complicações ainda é muito difícil. Por isso, não há dúvidas que o primeiro e mais efetivo passo para o seu controle é a informação.

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